quarta-feira

.Será.

Eu respondi “sei lá...”. Seria tão bem-sucedido o caso de uma noite só. One night only, babe. Com direito a ressaca, arranhões e substâncias coloridas. Não lembrava o nome, sabe? Não sei a que horas cheguei aqui também... Mas não sei o que é culpa. E é impressionante o poder que tenho de me desapaixonar. Eu acho o máximo a superfície, mas se me aprofundo o mínimo além do meu máximo, basta. Volto pro começo, mas como é um começo que eu já conheço, tudo perde a graça... E é difícil ser novidade todo dia, não é mesmo? Hoje tá chovendo. Pois é. Frio pra uma noite carioca. Fugi desse quadrado cheio de gente séria para fumar um cigarro. Senti o arrepio começando pela orelha. O ouvido doeu. O fígado, já na fuga, estava nessa condição. Tudo é dor. E tudo é delírio. Será que ela lembra do que comeu ontem? Talvez. É, talvez...

sexta-feira

.Desculpas por ontem.

Fome. Hoje eu vomitei três vezes. Depois, olhei pra bem dentro de mim mesma e, diante do espelho, me julguei com o dedo em riste. Não disse basta, mas sabia que deveria dizer. Meu sorriso grande da noite passada ficou por lá mesmo. E é sempre assim. Tento lembrar quantas vezes chamei o garçom naquela mesa do canto e pedi “mais uma por favor”. Impossível. Fome. Cresce enquanto escrevo. É que eu não aprendi ainda a não fazer aquilo que não quero. Na verdade, esse aquilo que não quero é o que eu gostaria de fazer sem me culpar. Mas, no dia seguinte, ficam as dores, as marcas, as lembranças, os esquecimentos e alguma vontade. Só sei que num determinado momento alguém perguntou o meu nome e eu não sabia mais... Houve também uma conversa sobre pianos, pianistas, alpinistas e gracilianos. Você fez alguns elogios baratos e eu, suscetível, embriagada, com o coração na cabeça, simplesmente sorri. Aquele de consentimento. De “ok, já ouvi isso antes e sei muito bem no que vai dar...”. De fato. Depois disso, ficamos íntimos.

quinta-feira