quinta-feira

FLUOXETINA

A mesma pele tão branca de tantas. As pernas finas. Os braços esguios. O corpo magro. O mesmo olhar pintado de preto, unhas vermelhas, feição delicada. Ele não podia deixar de se apaixonar.
E assim, troca de olhares bêbados, vodka no copo, “mais dois, por favor!”. Um beijo e outro e tantos. Serotonina a mil. Serotonina há mil.
Excitados, encostados no balcão do bar, ele pega delicadamente no queixo da menina, cuja identidade falsa e a maquiagem pesada permitiram a entrada naquele lugar, e com uma única palavra, um olhar de peixe morto, e bêbado, convence-a e a seduz. “Vamos!”
Sorriso tímido, “Você quer beber algo”, ela aceita, embriaguez que alimenta embriaguez. Ele a beija e viola seu corpo indevassável até então. Ela sangra um sangue da cor do esmalte, rubro, denso, dolorido.

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